Elizabeth Teixeira já recebeu diversas homenagens, dentre elas a Medalha Augusto dos Anjos, em Sapé, e o Prêmio Bertha Lutz, no Senado Federal
A UEPB, através de seu Núcleo de Estudos Rurais (NER), concederá à líder camponesa Elizabeth Altina Teixeira, a homenagem da Medalha do Mérito Universitário, em reconhecimento às ações por ela protagonizadas na década de 60. A solenidade acontecerá no dia 12 de agosto, às 19h30, no Auditório do Centro de Educação (CEDUC), unidade localizada na Rua Antônio Guedes de Andrade, 190 Catolé, em Campina Grande.
A homenagem está sendo oferecida à Elizabeth no intuito de manter viva a memória da luta camponesa, por notório merecimento, enquanto liderança das ligas camponesas, em reconhecimento às ações por ela protagonizadas juntamente com seu esposo, João Pedro Teixeira, líder assassinado no mesmo período, por conta da sua atuação na luta pela conquista e afirmação de direitos para os camponeses. Elizabeth Teixeira nasceu em Sapé, Paraíba, em 13 de fevereiro de 1925.
Na ocasião, também haverá mesa-redonda tendo a homenageada como tema, com a participação do professor convidado Alder Júlio Calado e a professora do Departamento de História da UEPB, Patrícia Cristina Aragão. Será divulgada ainda a abertura do “Concurso de redação e artigos científicos sobre as mulheres e os movimentos sociais no campo”.
Conheça um pouco da história de Elizabeth Altina Teixeira
No Sertão, ainda se morre de fome e de bala, como nos tempos de João Pedro Teixeira, mas alguma coisa mudou – as ligas camponesas deram frutos e engendraram os milhares de sindicatos de trabalhadores rurais e suas federações, prova de que o povo se organiza e conduz a luta de outra forma. Assim fala o grupo Tortura Nunca Mais/RJ (GTNM/RJ), na ocasião da Medalha Chico Mendes concedida a Elizabeth Altina Teixeira há cerca de 20 anos.
Paraibana, hoje com 84 anos, Elizabeth é viúva do líder sindical João Pedro Teixeira, o “cabra marcado pra morrer” do filme homônimo (Brasil, 1984) do cineasta Eduardo Coutinho. De início, ela não participava na luta de João Pedro, na Paraíba, quando ele resolveu reunir os camponeses para criar uma associação para defender os seus direitos. Quando os latifundiários perceberam que as ligas camponesas estavam cada dia mais fortes, resolveram assassinar João Pedro, morto em abril de 1962. Dois de seus filhos também foram assassinados. Sua filha mais velha não suportou o sofrimento e, inconformada com a impunidade diante do assassinato do pai, suicidou-se.
Com a morte de João Pedro, Elizabeth Teixeira assumiu a direção da liga. Foi perseguida e injuriada, mas nunca desistiu nem deixou de reclamar, junto aos proprietários, os direitos dos companheiros.
Após o golpe de 64, Elizabeth foi presa por mais de dois meses; ao sair da cadeia, para escapar das perseguições, teve de fugir com um dos filhos para o Rio Grande do Norte, onde viveu 17 anos clandestinamente, com outro nome. Trabalhou colhendo feijão e arrancando batata. Ela e os filhos passaram fome. Elizabeth lavou pratos, lavou roupas, precisava tocar a vida, apesar da dureza do destino e do desejo de justiça ao assassinato de João Pedro.
Vivia escondida para não ter o mesmo fim do marido. Em 1980, foi encontrada pelo diretor Eduardo Coutinho que queria terminar o seu filme sobre as ligas camponesas e reencontrou o filho Abrão. Depois desse encontro, ficou mais fácil localizar os outros filhos. Em 1981, retomou seu nome de batismo, Elizabeth Altina Teixeira.
Em 2006, foi criada a ONG – Memorial das Ligas Camponesas, com o intuito de resgatar a história das Ligas Camponesas. A ONG agora tenta criar o Museu das Ligas Camponesas, pleiteando a desapropriação, restauração e tombamento junto ao Governo do Estado, da casa onde morou Elizabeth e João Pedro Teixeira.
Elizabeth, a sua Historia é para ser contada a todos e a todas Brasileiros, obrigado por seu exemplo de luta